PROJECTOS PESSOAIS

Local: Costa atlântica a sul e a norte da foz do rio Tejo.

Data: 2019 até ao presente.

 

O meu escritório não tem paredes nem teto. Nele também não existem portas ou janelas. O chão é de rocha e de areia levada pelo vento. O meu escritório é frio, húmido, ventoso, quente e seco. A costa atlântica perto da minha casa, a norte e a sul do estuário do rio Tejo, do cabo da Roca ao cabo Espichel, é o meu local de trabalho.

Sendo o meu primeiro projeto fotográfico, o “Office” começou sem que eu me apercebesse que estava a trabalhar num projeto e, para ser sincero, na altura nem sequer sabia o que eram projectos fotográficos. Sempre vivi junto à costa, pelo que me pareceu natural começar o meu percurso como fotógrafo de paisagens, fotografando as minhas praias, as minhas falésias e o meu oceano.

Obsessão é uma palavra forte, mas não é suficiente para descrever os meus sentimentos relativamente à arte de captar paisagens marítimas. Na minha busca para dar sentido ao que se passa na minha mente artística sempre que sinto o chamamento do mar, cheguei à conclusão de que a linha de costa é uma espécie de limbo; uma fronteira natural que separa dois mundos; o mundo dos Humanos onde tudo é consumido, esgotado, poluído, alterado, e o mundo Natural, maioritariamente desconhecido, onde tudo é regenerado e se torna selvagem. Ali, onde estes mundos colidem, na linha costeira, há falésias que se desmoronam, território que simplesmente desaparece, mas também há rochas que resistem à passagem do tempo e à mudança. O mundo natural está numa missão imparável para expurgar todo o mal da terra. Esta é uma batalha renhida travada em cada maré onde uma força invisível avança pouco a pouco onde cada seixo e grão de areia pode fazer a diferença no resultado desta guerra.

 

Fotografia vencedora absoluta do prémio GENERG Fotógrafo do Ano 2023 no Insitu.

 Galeria “Office”

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2020