Locais: Almograve, Cavaleiro, Rogil, Aljezur e Arrifana.

Data: Desde 2022.

A ideia para este projeto surgiu em setembro de 2019, após uma viagem pela costa alentejana, em Portugal, onde fiz várias saídas fotográficas espontâneas, algumas das quais mal planeadas. Uma, em particular, destaca-se e nunca mais a esquecerei: uma visita à Praia da Barradinha, perto do Rogil, no sudoeste de Portugal. Cheguei depois do pôr do sol e a maré estava baixa. Para chegar à praia, desci um conjunto de escadas de madeira, quase na escuridão, sem estar preparado para o que estava prestes a testemunhar.

Ao fundo da escada, fui recebido por uma visão deslumbrante: lajes de pedra negra que se estendiam até onde a vista alcançava, com linhas de quartzo branco a atravessá-las em padrões perfeitos e rectos. Pequenas poças de água da maré baixa refletiam o céu crepuscular, enquanto um suave nevoeiro pairava no ar, transportado pelo som distante das ondas. Sentia como se tivesse entrado noutro planeta — frio, estranho e intocado pelo tempo.

Infelizmente, não tinha trazido um tripé e as fotografias que tirei naquela noite acabaram por ser uma desilusão. No entanto, a sensação poderosa de estar naquele lugar permaneceu comigo. A partir daí, comecei a pensar neste projeto — em capturar a essência daquela paisagem que, apesar de parecer de outro mundo, era nossa. Queria partilhar essas sensações através da minha arte, com outros que, tal como eu, apreciam a natureza e a fotografia.

Através da minha fotografia, sempre tive como objetivo fazer mais do que apenas capturar a luz. Procuro evocar um sentimento, estabelecer uma ligação emocional entre o observador e a cena. Mesmo quando não há um tema claramente definido, quero que a imagem desperte algo dentro de quem a vê — seja uma sensação de tranquilidade, de tensão ou de mistério. Neste projeto, espero criar essa mesma conexão, desde a mais pequena rocha até ao horizonte infinito.