O pinheiro-manso, ou Pinus pinea, é uma espécie de pinheiro nativa da região mediterrânica. Em Portugal, encontra-se cerca de 9% da área mundial desta espécie, que também pode ser encontrada em outros países da bacia do Mediterrâneo, como Espanha, França, Itália e Turquia. Embora seja uma árvore relativamente rara ou pouco conhecida no contexto global e até mesmo em Portugal, a sua presença é significativa na Península de Setúbal, onde vivo, e na região de Alcácer do Sal, onde há grandes plantações dedicadas à produção de pinhão, o saboroso e valioso fruto do pinheiro-manso.

Neste projeto fotográfico, o meu foco não é retratar o Pinus pinea que é cultivado, podado ou aprumado, nem o utilizado em plantações ou como planta ornamental. O meu objetivo é capturar o Pinus pinea selvagem, aquele que cresce livremente, que se adapta para sobreviver, que quebra com os ventos fortes e cai. Quero contar a história desta árvore, que revela a sua força e tenacidade lendárias ao longo da costa atlântica, assim como as suas interações com outras árvores nos pinhais costeiros.

O tipo de fotografia que pretendo desenvolver neste projeto é mais intimista, privilegiando, muitas vezes, a imagem de uma árvore solitária ou de um grupo específico, em vez de focar as grandes paisagens da costa portuguesa. Este trabalho encaixa-se na categoria de fotografia de bosque, como costuma ser designada, com uma abordagem que também possui toques de fotografia documental.

Essas árvores, reconhecidas pela sua resistência à seca estival, crescem facilmente em solos arenosos e pouco férteis, suportando heroicamente os fortes ventos costeiros e a maresia. Ao longo da sua vida, que pode atingir até 150 anos, elas sofrem várias fracturas causadas por tempestades ou pelo peso da sua copa, o que lhes dá personalidades marcantes e únicas. Na maioria das vezes, apresentam formas incríveis, que revelam a história da sua vida e a luta constante contra os elementos.