PROJETOS PESSOAIS

Locais: Sintra e Fonte da Telha.

Data: Desde 2021.

 

Brume é um projeto cinematográfico de raiz fotográfica, com argumentos fracos e apenas preocupado com questões estéticas e de composição fotográfica que nasce de uma paixão antiga, o cinema.

Este é talvez o meu projeto mais cativante. Surgiu da simples curiosidade de alguém sem formação em cinema, mas que, ainda assim, decidiu um dia experimentar filmar como fotografa — e, ao mesmo tempo, fotografar com uma linguagem mais cinematográfica. Esta abordagem artística é particularmente interessante porque transforma a própria forma de fazer fotografia e, inevitavelmente, o resultado final. As imagens, desprovidas de qualquer argumento convencional ou narrativo, ganham qualidades estéticas únicas — possíveis apenas através de um olhar fotográfico aliado a uma verdadeira paixão pela sétima arte.

Para qualquer filme, é necessário um cenário e, sobretudo, movimento. Nos três primeiros capítulos de Brume, a viagem leva-nos às matas da Fonte da Telha e de Sintra, em Portugal. Das raras brumas marítimas na Fonte da Telha às tempestades e nevoeiro na serra de Sintra, a viagem fotográfica é rica em imagens destas condições místicas que transformam uma floresta de outro modo mundana num cenário de filme.

 

TRILOGIA BRUME

O cenário deste filme é a Mata Nacional dos Medos, situada junto à Fonte da Telha, onde uma colónia de corvos e raposas vive em estreita proximidade com a cidade de Almada. O filme acompanha a passagem de mais uma frente fria ao longo da costa portuguesa. Nestas condições, é frequente formarem-se densos bancos de nevoeiro sobre a superfície do oceano Atlântico que, ao final do dia, são empurrados por ventos fortes em direcção às arribas da Fonte da Telha, invadindo depois a chamada "Mata dos Corvos".

O segundo capítulo de Brume transporta-nos até Sintra, numa manhã em que o nevoeiro na serra era tão denso que parecia abafar todos os sons. O ar, pesado, carregava um silêncio inquietante, interrompido apenas pelo som das gotas de água a cair das folhas das árvores. “Nesse dia senti-me sozinho no planeta — não vi ninguém, não ouvi ninguém — e, à medida que as horas passavam, apenas alguns pássaros, que cantavam timidamente, começaram a dar cor a essa ‘Manhã Silenciosa’”, recordaria mais tarde o autor.

No terceiro capítulo, voltamos a Sintra, onde se abate uma tempestade de verão vinda do noroeste atlântico. Traz consigo ventos fortes, chuva e nuvens pesadas que descem até às copas das árvores. Já no fim do dia, com a luz a esvair-se lentamente, o filme regista a sua entrada violenta nas matas de Sintra — um momento de inquieta beleza que o autor viria a descrever, mais tarde, como um “Sonho Azul”.

Primeira Zine publicada deste projeto

 Galeria de Brume

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